Embora pareça coisa de ficção-científica, nunca estivemos tão perto de ter espécies extintas andando pelo planeta, e o mamute deve ser o primeiro!
A chamada desextinção consiste no processo de clonar um organismo extinto. Ao gerar um embrião viável, ele é implantado em uma espécie geneticamente próxima daquela a ser clonada, e, em teoria, isso poderia trazer uma espécie de volta.
Na teoria, o processo é muito simples. Uma amostra de tecido da espécie original (no caso a Capra pyrenaica pyrenaica) teve seu núcleo retirado e implantado em um óvulo sem seu material genético de um íbex-ibérico.
Na prática, após 439 tentativas, 57 embriões foram gerados e implantados em cabras, mas apenas 7 engravidaram e um único filhote nasceu. Como podem imaginar, é um processo extremamente custoso e com uma enorme taxa de falhas.
A clonagem de mamutes é estudada há muitos anos, mas essa técnica se mostrou praticamente inviável após mais de uma década de pesquisas. É aí que entra a @ItIsColossal, uma empresa anunciada hoje que promete revolucionar a ciência da conservação para sempre.
Com o objetivo de clonar espécies ameaçadas e desextinguir seres extintos pelo ser humano, sua primeira missão será trazer os mamutes de volta ao planeta, em um projeto de mais de 15 milhões de dólares. Eles pretendem restaurar ecossistemas extintos e frear o aquecimento global
Utilizando o material genético de mamutes encontrados preservados no gelo, os cientistas pretendem editar o genoma de embriões de elefantes-asiáticos (Elephas maximus), a espécie vivente mais próxima do mamute
Foto por @joelsartore
Utilizando a técnica inovadora do CRISPR-CAS9, eles vão modificar as regiões do DNA do elefante que são diferentes das do mamute, criando uma espécie de híbridos que, pelo menos em aparência, serão virtualmente idênticos aos extintos mamutes-lanosos.
Ok, já entendemos que é muito legal brincar de Jurassic Park. Mas PRA QUE?
A resposta é muito complexa e tem implicações surpreendentes
Em primeiro lugar (e o ponto mais importante), o ponto principal não é o mamute. Ao estudar como fazer isso com uma espécie extinta a mais tempo, a empresa pretende entender como proteger a diversidade genética de espécies atuais e salvar animais da extinção, como a saiga.
Um outro ponto importante é que, embora os cientistas não pretendam soltar esses animais no ambiente, testes em progresso demonstram que a extinção do mamute foi responsável pelo colapso de um dos ecossistemas mais complexos do planeta nos últimos milhares de anos.
Com uma densidade de megafauna comparável com a África subsaariana de hoje, a chamada "estepe dos mamutes" se modificou drasticamente nos últimos milênios, tendo hoje uma baixíssima densidade animal
Artes por @BZaiken
Os mamutes provavelmente atuavam como engenheiros ecossistêmicos, revirando o solo (impedindo seu congelamento completo) e derrubando árvores e, consequentemente, eram a base para ecossistemas diversos na região. Sua extinção representou a extinção local de centenas de espécies.
A meta da ONU de nossa década é a restauração de ecossistemas. Será que conseguiremos restaurar também ecossistemas extintos?
Por fim, tivemos um papel significativo na redução populacional de mamutes. Esses animais desapareceram dos continentes há cerca de 10 mil anos, enquanto populações isoladas sobreviveram em ilhas até 4 mil anos atrás, quando já existiam as pirâmides do Egito
@JuliotheArtist
Mesmo com a polêmica por trás desse assunto, é muito interessante pensar em todas suas implicações para o futuro. Através desse plano de 15 milhões de dólares, a Colossal promete mudar o planeta para sempre e como lidamos com a extinção e protegemos nossas espécies.
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