Pesquisa da agência espacial norte-americana afirma que os últimos cinco anos foram os mais quentes já registrados.
Ao se deparar com temperaturas de até 50ºC negativos no Centro-Oeste norte-americano, o presidente dos EUA, Donald Trump, logo se lembrou das mudanças climáticas. “O que diabos está acontecendo com o aquecimento global? Por favor, volta depressa. Precisamos de você!, tuitou Trump.
Mas, se sobra dúvida, negação e ironia para o presidente, o Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA acaba de lançar um novo estudo que pode ajudar Trump, e qualquer outro negacionista, a entender exatamente o que está acontecendo com a temperatura do planeta.
Antes de tudo, é bom lembrar que, quando se fala em aquecimento global, é uma média do quanto a temperatura subiu em todo o planeta desde o início da Revolução Industrial, por volta de 1850. Assim, os extremos de temperatura negativa, como nos EUA, são contabilizados juntamente com os extremos de temperatura máxima, como nas ondas de calor que atingiram a Austrália o ano passado.
Para ter uma ideia, enquanto a temperatura média global já está cerca de 1ºC acima dos níveis pré-industriais, na cidade de São Paulo e alguns pontos do Nordeste brasileiro e Amazônia, os termômetros demonstram aquecimento médio acima dos 2ºC.
Colocando tudo na ponta do lápis, do frio ao calor extremo, a conclusão é que o ano de 2018 foi o quarto mais quente dos últimos 140, período desde que começaram as medições.
Esse fato demonstra mais uma característica do aquecimento global: ele não é exatamente linear e progressivo: 2017, por exemplo, foi mais quente que 2018. Esse número poderia servir de argumento para quem nega o aquecimento, já que os dados mostram que o planeta esfriou em relação ao ano anterior.
No entanto, se olharmos a tendência dos últimos anos, podemos observar uma realidade diferente. "Os cinco anos mais quentes foram, de fato, os últimos cinco anos", disse Gavin A. Schmidt, diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais, o grupo da NASA que conduziu a análise, ao NY Times. “Não estamos mais falando sobre uma situação em que o aquecimento global é algo no futuro. Está aqui. É neve."
Se você acha que os últimos cinco anos são insuficientes para uma análise mais aprofundada, segundo os pesquisadores dos 19 anos mais quentes já mensurados pelos seres humanos, 18 deles aconteceram desde 2001.
E as consequências práticas vão bem além do número expresso no termômetro. Além da própria onda de frio no meio oeste americano, um fenômeno conhecido como vórtice polar associado ao aquecimento global, e as ondas de calor na Austrália, eventos climáticos como os violentos furacões Michael e Florence também são efeitos das mudanças climáticas.
Os eventos também são sentidos no Brasil, com secas, inundações e queimadas, como demonstrou o documentário “O Amanhã é Hoje”.
De acordo com o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a principal consequência das mudanças climáticas é o clima cada vez mais extremo. Ou seja, além do calor mais intenso, frio, chuvas e secas também serão mais intensas.
O resultado confirma os dados publicados pela Organização Metereológica Mundial (OMM) em dezembro de 2018. De acordo com Schmidt, infelizmente, os resultados também mostram que as previsões dos cientistas sobre o aquecimento global já está no meio de nós.
“Essa é a essência da ciência. Você acha que entende como algo funciona, faz modelos e faz previsões e vê se elas se realizam. Infelizmente, estamos em uma situação em que vemos que isso se tornou realidade”, afirmou. “Se por um lado isso é intelectualmente agradável, por outro é uma droga.”
Fonte: Galileu
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