A substituição dos combustíveis fósseis por renováveis é uma das principais demandas ambientais da atualidade. A expectativa é que isso fosse motivado por governos em prol de toda a sociedade, mas, nesse sentido, muitos países ainda estão engatinhando em políticas públicas.
Curiosamente, quem tem contribuído bastante nesse sentido é uma situação nada agradável: a guerra da Ucrânia. Com os embargos e as dificuldades de acesso a gás e petróleo, a Europa se viu forçada a tentar mudar o mindset global no mercado de energia.
Novos ventos virão
Em 2020, cerca de 20% de toda a energia consumida no Velho Continente foi proveniente de fontes renováveis. A ideia inicial, então, foi de dobrar esse índice até 2030. Porém, aqui entra a notícia boa: agora, a previsão subiu para 45%.
A Alemanha, por exemplo, tem investido pesado na energia eólica. Esse é um compromisso que já vem de décadas, mas o país ainda dependia bastante dos russos para seus estoques de carvão, petróleo e gás natural. Com os embargos, uma nova estratégia foi traçada, e os alemães esperam ter 100% de energia limpa até 2035 – uma redução de 10 anos da previsão anterior!
Quando parece bom, muda tudo
Vale destacar, porém, que não foi apenas a guerra que motivou a aceleração: a Europa já vinha de meses complicados com a falta de recursos naturais. A pandemia pôs um freio no mundo, mas, com seu abrandamento, o ritmo da vida retornou com fôlego redobrado entre os europeus. Assim, a demanda por energia aumentou demais!
Além disso, o próprio meio ambiente orquestrou uma vingancinha: ventos com baixa velocidade e um inverno rigoroso que comprometeu as reservas de gás natural também ajudaram a construir um cenário bem complicado. O preço da energia elétrica praticamente triplicou na Europa – e a gente aqui reclamando das bandeiras vermelhas, né?
Um passo para trás
Só que a questão da guerra é muito mais significativa. A Rússia era a principal exportadora mundial de gás natural, com a Europa sendo sua cliente mais assídua. Porém, isso mudou há pouco mais de 100 dias. Afinal, o continente gastava cerca de USD 1 bi por dia com carvão, petróleo e gás russos! Continuar injetando essa grana no país que criou a maior guerra de nossos tempos era insustentável.
As questões que ainda precisam ser esclarecidas são: quão rápido será a mudança europeia? Ela pode desacelerar com um eventual fim do conflito? Ainda não se sabe, mas a construção de parques eólicos, por exemplo, leva muito tempo. Por enquanto, o consumo de carvão aumentou em 5%, forçando ainda mais os governos a tomarem medidas mais imediatas de redução de consumo de combustíveis fósseis.
Cinquenta passos para frente
Até o momento, a União Europeia prometeu USD 220 bilhões para agilizar o processo. Inclusive, mudanças no Pacto Ecológico do continente foram feitas para acelerar o fim dos combustíveis fósseis, com foco também em poupar energia e em diversificar as fontes de origem.
A energia solar, por exemplo, deve dobrar de capacidade até 2025. Já a capacidade doméstica de hidrogênio deve chegar a 10 milhões de toneladas até 2030, com o mesmo tanto sendo importado.
A expectativa da Europa é que a dependência de recursos russos acabe até 2027. Por enquanto, isso só é possível com aumento do uso do carvão, mas este é o combustível mais poluente de todos. Felizmente, o continente parece ter arregaçado as mangas para finalmente deixar isso para trás. Tomara que as medidas tenham reflexo em todos os cantos do mundo.
Fonte: The Brief
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