Muito se especula se o atual período de baixa atividade solar pode ser o prenúncio de uma nova mini era glacial. Essa é uma pergunta bastante difícil de ser respondida e se alguém afirmar alguma coisa, com certeza estará chutando.
O estudo do Sol através de métodos modernos - a heliofísica - é uma ciência bastante recente e somente nos últimos 20 anos, após o lançamento do Observatório Solar SOHO, em 1995, é que conseguiu responder algumas das inúmeras perguntas sobre a nossa estrela-mãe. E ainda faltam muitas a serem respondidas.
Antes do SOHO, os estudos do Sol eram feito basicamente aqui da Terra, principalmente através da observação das manchas solares e seus efeitos associados, seja usando telescópios ópticos ou de radiotelescópios.
Ciclo de Schwabe
Desde a época de Galileu Galilei (1564—1642), a contagem de manchas de solares é feita regularmente e o que se descobriu é que a cada 11 anos em média, o Sol passa por ciclos caracterizados pelo aumento ou diminuição das manchas observáveis na fotosfera.
Esse período é chamado de ciclo solar ou de Schwabe e desde que as observações começaram a ser feitas já foram contados 24 ciclos até o ano de 2016.
Durante o período de maior atividade, chamado "máximo solar", grandes manchas e intensas explosões ocorrem quase diariamente. As auroras surgem nas latitudes médias e violentas tempestades de radiação danificam os satélites em órbita. A última vez que isso ocorreu com tal intensidade foi entre os anos de 2000 e 2001.
No "Mínimo Solar" ocorre o contrário. Quase não existem flares solares e podem passar semanas sem que uma única mancha quebre a monotonia do disco solar. É exatamente esse o momento atual que estamos passando.
Mini Era Glacial
O período do mínimo solar mais longo da história, conhecido como Mínimo de Maunder, ocorreu entre 1645 e 1715 e durou incríveis 70 anos. Naquela época as manchas solares eram extremamente raras e o ciclo solar de 11 anos parecia ter se rompido.
Esse longo período de silêncio solar coincidiu com a "pequena Era do Gelo" uma série de invernos implacáveis que atingiu o hemisfério Norte, com mais intensidade sobre a Europa. Por razões ainda não compreendidas, o ciclo de manchas solares se normalizou no século 18 e o período típico de 11 anos voltou ao normal.
E agora?
Como os cientistas ainda não compreenderam o que disparou o Mínimo de Maunder e como isso pode ter influenciado o clima na Terra, a busca por sinais e evidências de que possa ocorrer de novo é um trabalho constante nas pesquisas.
Atualmente, estamos atravessando o Ciclo Solar 24 rumo ao seu mínimo, quando tipicamente a atividade será bastante baixa. O problema maior é durante o máximo do Ciclo 24 a atividade foi extremamente baixa, com raros momentos de fúria solar. E para piorar as coisas, o Ciclo Solar 23 também foi fraco, quando comparado ao Ciclo Solar 22. Em outras palavras, a atividade solar está enfraquecendo ano a ano.
Evidências Científicas
Entretanto, afirmar que o Sol está em silêncio como na época do Mínimo de Maunder seria um exagero, afinal as manchas e explosões solares continuam acontecendo, embora em menor número e enfraquecidas.
Além disso, não há qualquer evidência científica que esse ritmo continuará infinitamente, ou seja, o próximo ciclo poderá ser tão ou mais intenso que aquele observado no início do século.
Também não há provas científicas de que o aumento ou diminuição da atividade e das manchas solares tenham relação com o clima de longo ou curto prazo aqui na Terra. Há poucos estudos neste sentido, além de serem inconclusivos.
O que se espera é nos próximos anos os estudos sobre o Sol tenham avançado ainda mais e que a previsão do clima espacial seja tão corriqueira como a atual previsão do tempo.
Fonte: Apollo 11
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